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O erro das empresas que compram LMS mas não têm estratégia de conteúdo

Entenda por que investir apenas na plataforma tecnológica, ignorando a qualidade do material pedagógico e o Design Instrucional, pode levar ao fracasso do seu projeto de educação corporativa

No universo da educação corporativa, existe um cenário infelizmente comum que costumamos chamar de "A Síndrome da Casca Vazia". Ocorre, geralmente, da seguinte forma: uma empresa decide modernizar seus processos de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). A diretoria aprova um orçamento considerável, a equipe de TI é mobilizada e a organização adquire um LMS (Learning Management System) de ponta, robusto, cheio de funcionalidades, dashboards analíticos e possibilidades de integração.


A expectativa é alta. Espera-se que, assim que o login for liberado, os colaboradores se engajem, consumam conteúdo e a performance da empresa melhore magicamente.


Porém, três meses depois, o dashboard mostra a dura realidade: taxas de acesso próximas de zero, evasão altíssima nos cursos iniciados e feedback negativo nos corredores (ou no Slack/Teams). O motivo? A empresa comprou uma "Ferrari", mas não colocou combustível nela. Ou, pior, tentou movê-la com combustível adulterado.


A tecnologia é o veículo, mas o conteúdo é o que move o aprendizado. A falha em entender essa distinção e a ausência de Design Instrucional (DI) são os principais responsáveis pelo desperdício de budget em T&D. Neste artigo, vamos aprofundar as causas desse erro estratégico e como transformar sua "casca vazia" em um ecossistema de aprendizado vibrante.


O erro de tratar o LMS como um "Depósito de Arquivos"


O primeiro sintoma da Síndrome da Casca Vazia é a utilização do LMS como um simples repositório digital, uma espécie de Google Drive glorificado. Na pressa de "povoar" a plataforma recém-comprada, gestores cometem o erro de fazer o upload de materiais brutos que não foram pensados para o aprendizado digital.


Isso inclui:


  • PDFs de manuais técnicos com 200 páginas: ninguém lê textos densos na tela do computador, muito menos no celular.


  • Gravações de reuniões no Zoom: vídeos de 2 horas, sem edição, com áudio ruim e sem roteiro, onde o conteúdo real está diluído em conversas paralelas.


  • Slides de Power Point estáticos: apresentações que faziam sentido quando havia um instrutor falando ao vivo, mas que, sozinhas no LMS, perdem completamente o contexto.


Quando o colaborador acessa a plataforma e encontra esse tipo de material, a mensagem que a empresa passa é de desleixo. A percepção de valor cai imediatamente. Ele entende que aquela ferramenta é burocrática, chata e uma perda de tempo. Reverter essa primeira impressão negativa é muito mais caro e difícil do que começar certo.


O papel insubstituível do Design Instrucional


Para combater a casca vazia, não basta ter "bons redatores" ou "bons vídeos". É preciso ter Design Instrucional. Mas o que isso significa na prática corporativa?


O Design Instrucional é a engenharia pedagógica. É a ciência (e a arte) de desenhar experiências de aprendizado que sejam eficientes, eficazes e atraentes. O Designer Instrucional (DI) não é apenas quem escreve o texto do curso; ele é o arquiteto da solução educacional.


Ao se deparar com um conteúdo bruto (por exemplo, uma nova norma regulamentadora ou um novo processo de vendas), o DI faz perguntas cruciais que a tecnologia sozinha não responde:


  • Qual é o Gap de Performance? O que o colaborador não sabe fazer hoje que ele precisa saber fazer amanhã?


  • Quem é o Público-Alvo? Eles acessam via mobile? Têm pouco tempo? São técnicos ou operacionais?


  • Qual a melhor estratégia de entrega? Esse conteúdo funciona melhor como um vídeo, um infográfico interativo, um podcast ou um game?


Sem esse profissional ou essa mentalidade, a empresa apenas joga informação na cara do aluno. E informação não é conhecimento. Informação só vira conhecimento quando é processada, contextualizada e absorvida. O DI é a ponte que faz essa transformação.


Os pilares de um conteúdo que preenche o LMS


Para que o seu LMS deixe de ser uma casca vazia e passe a ser uma ferramenta estratégica, o conteúdo inserido nele precisa obedecer a alguns critérios de qualidade que vão muito além da estética.


1. Interatividade real
(Não é só clicar em "Avançar"): muitas ferramentas de autoria permitem criar botões, mas interatividade real significa engajamento cognitivo. Em vez de apenas ler, o colaborador deve ser desafiado a tomar decisões.


  • Exemplo: em vez de um texto listando as regras de compliance, crie um cenário onde o personagem enfrenta um dilema ético e o aluno deve escolher o que fazer. O feedback da escolha (certo ou errado) ensina mais do que a leitura passiva.


2. Curadoria e síntese:
vivemos na era da infobesidade. O colaborador já é bombardeado por e-mails e mensagens. O conteúdo do LMS deve ser um "oásis" de clareza. O Design Instrucional atua limpando o excesso. Se um manual tem 50 páginas, o curso deve extrair as 5 páginas que impactam a rotina de trabalho e transformar o restante em material de consulta (saiba mais). Não force o aluno a decorar o que ele pode consultar. Ensine-o a aplicar.


3. Roteirização e storytelling:
o cérebro humano é programado para histórias, não para listas de tópicos. Conteúdos que utilizam narrativas, personagens e situações do dia a dia da empresa geram identificação. Quando o colaborador vê sua realidade refletida no curso, a barreira da resistência cai.


4. Estética e usabilidade:
parece superficial, mas não é. Um conteúdo feio, com design amador, fontes ilegíveis ou áudio com ruído, cansa o cérebro (carga cognitiva estranha). O esforço que o aluno faz para tentar entender o formato rouba a energia que ele deveria usar para entender o conteúdo. Um design limpo e profissional é sinal de respeito pelo tempo do colaborador.


O impacto financeiro da má estratégia de conteúdo


Investir milhares de reais anualmente em licenças de software ou servidores para Moodle e economizar na produção de conteúdo é uma conta que não fecha. O custo da "Casca Vazia" aparece de formas sutis, mas devastadoras:


  • ROI negativo: a plataforma vira um custo fixo sem retorno em produtividade.


  • Retreinamento: como o curso online foi ruim, os gestores precisam parar a operação para explicar tudo de novo presencialmente, duplicando o custo de hora-homem.


  • Riscos jurídicos: em treinamentos obrigatórios (como segurança do trabalho), se o conteúdo for ruim e o colaborador não aprender, a empresa pode ser responsabilizada por acidentes, mesmo que o certificado tenha sido emitido. O "check" no sistema não garante competência na prática.


Como sair da Síndrome da Casca Vazia?


Se você diagnosticou sua empresa com esse problema, a boa notícia é que o LMS já está lá. A infraestrutura está pronta. Agora, é preciso focar na reforma do "interior".


  1. Auditoria de conteúdo: revise tudo o que está na plataforma. O que tem menos de 3 estrelas de avaliação? O que tem altas taxas de abandono? Delete ou reformule. Menos é mais.
  2. Invista em design instrucional: seja contratando um especialista interno ou uma consultoria parceira como a Kaptiva. Não deixe a produção de conteúdo na mão de quem não entende de andragogia.
  3. Diversifique os formatos: use o LMS para entregar vídeos, podcasts, infográficos e games. O Moodle, por exemplo, aceita diversos formatos (SCORM, H5P, vídeo externo). Use essa versatilidade.
  4. Ouça o usuário: pergunte aos colaboradores o que eles acharam dos cursos. O feedback deles é a melhor bússola para ajustar a estratégia de conteúdo.


A tecnologia é fundamental, mas ela é meio, não fim. O fim é o aprendizado humano. Garanta que o coração do seu LMS — o conteúdo — esteja pulsando forte, e os resultados virão.


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